Farmacêutico alerta para o crescimento das hepatites virais

Nesta terça-feira (28.07) foi celebrado o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais. A data reforça a atenção para a importância do diagnóstico e tratamento adequado para cada um dos diferentes tipos da doença. 

A hepatite é a inflamação do fígado. Ela pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. 
De acordo com o Ministério da Saúde, são doenças silenciosas que nem sempre apresentam sintomas, mas quando estes aparecem, podem ser cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. 

No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. De 1999 a 2018, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) 632.814 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Destes, 167.108 (26,4%) são referentes aos casos de hepatite A, 233.027 (36,8%) aos de hepatite B, 228.695 (36,1%) aos de hepatite C e 3.984 (0,7%) aos de hepatite D. 

Segundo os dados do Ministério da Saúde, no Brasil, mais de 500 mil pessoas convivem com o vírus C da hepatite sem saber. Esse tipo é o que mais preocupa as autoridades de saúde do país. Em 2018, foram notificados 26.167 casos de hepatite C no Brasil, ante 13.992 casos de hepatite B e 2.149 casos de hepatite A. Foram registrados também 145 casos da hepatite D no país. 

Para falar a respeito, entrevistamos o farmacêutico e conselheiro regional do CRF-MT, Ednaldo Anthony. 

Ednaldo é farmacêutico bioquímico graduado pela Universidade Cuiabá (UNIC). Especialista em cosmetologia pela mesma Universidade. Especialista na área de Farmácia Hospitalar e Clínica pela Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH), habilitado em Serviços de Vacinação Humana pela Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária (SBFFC). É professor de Fisiopatologia, Farmacoterapia e Ciências Morfofuncionais da Universidade de Cuiabá e também professor de Habilidades Terapêuticas Médicas da Faculdade de Medicina do Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG). Além disso, é servidor público do município de Várzea Grande ocupando o cargo de farmacêutico hospitalar do Hospital e Pronto Socorro do município. Foi diretor tesoureiro do CRF-MT e atualmente é conselheiro regional titular do CRF-MT. 

O que é hepatite?

A hepatite é uma doença infecciosa de etiologia viral que atinge o fígado podendo causar formas assintomáticas e sintomáticas com alterações orgânicas leves, moderadas e graves. 

Quais os vírus que podem causar hepatites?

As formas de hepatites mais comuns e endêmicas no Brasil são causadas pelos vírus da Hepatite A, hepatite B e Hepatite C. Existem também o vírus da Hepatite D e E, sendo estas de menor incidência.

O vírus causador da hepatite A é do tipo RNA de fita simples positiva, da família Picornaviridae. O vírus da hepatite B é um vírus DNA envelopado, com fita de DNA incompleta e replicação do genoma viral por enzima transcripitase reversa pertencente à família Hepadnaviridae. E o vírus da hepatite C é o tipo RNA vírus, de fita simples com polaridade positiva pertencente ao gênero Hepacivirus da Família Flaviviridae. 

Toda hepatite é contagiosa?

A hepatite é uma doença infecto contagiosa, que precisa de medidas sanitárias e de Educação em Saúde contínua à população tanto nos aspectos preventivos quanto terapêuticos instituídos pelo médico infectologista. No entanto, faço aqui um destaque ao papel do farmacêutico enquanto membro das equipes multidisciplinares e multiprofissional da área da saúde, dotado de formação técnico científica para identificar, prevenir, monitorar e orientar a sociedade no controle efetivo da disseminação desta doença. 

Neste sentido, Resoluções como a 585/13 do Conselho Federal de Farmácia (CFF) que trata das atribuições clínicas do farmacêutico. A Resolução 586/13 que trata das prescrições farmacêuticas direcionadas a intervenção em transtornos menores; Resolução 197/2017 da ANVISA que “dispõe sobre os requisitos mínimos para os serviços de vacinação; Resolução 654/2018 do CFF que “dispõe sobre os requisitos necessários à prestação do serviço de vacinação pelo farmacêutico e dá outras providências. 

A Resolução 44/2009 que “dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências, ” e principalmente a Lei 13.021/14 que “dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas no país, trazendo a farmácia como estabelecimento de saúde, sendo estes primordiais para prestação dos serviços farmacêuticos voltados para uma Assistência Farmacêutica efetiva e de qualidade a sociedade. 

Todas estas citações acima nos trazem segurança técnica, legal, ética e jurídica para o desenvolvimento das ações do farmacêutico, não somente no combate as hepatites como outras doenças crônicas e infectas contagiosas. 

Como eu posso descobrir que estou com a doença?

Além de um estudo semiológico dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente ao profissional da saúde. O diagnóstico laboratorial imunológico é o método de detecção do contágio. 

Como ocorre a transmissão do vírus da Hepatite B e C?

A transmissão ocorre pelo contato com sangue e outros fluidos biológicos de pessoas contaminadas. Exemplos: Relação sexual desprotegida sem preservativos, compartilhamento de seringas e agulhas infectadas, compartilhamento de materiais de higiene pessoal (lâminas de barbear, alicates de unhas, escovas de dente, entre outros). Além disso, pela transfusão sanguínea, métodos cirúrgicos sem as devidas técnicas de biossegurança e esterilização dos instrumentais cirúrgicos, transmissão vertical (De mãe para filho). 

Como eu posso me prevenir contra a hepatite?

No caso da hepatite A cuja a transmissão é fecal oral, as medidas de higienização e saneamento básico, como lavagem das mãos, lavagem das frutas, hortaliças e verduras com solução de hipoclorito, fervura dos alimentos antes do consumo, entre outras medidas são essenciais para evitar o contágio e disseminação da doença. Já as hepatites B e C, deve-se evitar o contato direto com sangue e fluidos biológicos contaminados, sendo assim, se for ter relação sexual utilizar preservativos, no ambiente hospitalar uso dos EPIs e seguir rigorosamente as Normas de Biossegurança, não compartilhar seringas e agulhas muitos menos utensílios de higienização pessoal, não compartilhar instrumentos de manicure e pedicure como alicates, tesouras, bisturis, dentre outras medidas necessárias. 

Quais são os principais sintomas das Hepatites Virais B e C?

A fisiopatologia destas doenças é bastante dinâmica apresentando sinais e sintomas como febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, cansaço (astenia), pele e olhos amarelados (icterícia), urina escura e fezes claras. 

Como é feito o tratamento?

Vai depender do tipo de Hepatite que a pessoa for acometida. No caso da hepatite A, não há um tratamento específico vai depender dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente. Caberá ao médico a conduta terapêutica mais apropriada e ao farmacêutico a dispensação ativa com as informações sobre as medicações em uso e principalmente evitar a automedicação, já que muitos medicamentos utilizam como via de metabolização o fígado que é o principal órgão acometido. Ademais, as Hepatites B e C existem os protocolos e diretrizes definidas pelo Ministério da Saúde no tocante ao tratamento da doença. 

Hepatite tem cura?

Dependendo do tipo de Hepatite pode haver cura sim, como é o caso da hepatite A. No entanto existem aquelas mais graves como a B, C e D que podem se tornar doenças crônicas sendo importantíssima a terapêutica apropriada para melhoria do prognóstico da doença e principalmente evitar os desfechos trágicos da doença, como cirrose hepática, câncer de fígado e morte. Ademais, o melhor remédio é a prevenção neste sentido para população pode contar com mais um aliado na prestação dos serviços vacinais. O farmacêutico habilitado na forma da lei pode ofertar este serviço à sociedade, que precisa acima de tudo manter seu calendário vacinal em dia conforme recomendação do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico se dá por meio de exames de sangue de sorologia. No caso das hepatites B e C, o teste rápido, que utiliza uma gota de sangue, dá o diagnóstico em 15 minutos. Após o teste rápido positivo, o exame laboratorial PCR é realizado no sangue, para confirmar a presença do material genético do vírus. 

Os tratamentos para as hepatites B e C são baseados em medicamentos orais antivirais, fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A hepatite A não requer tratamento específico, mas necessita de acompanhamento. Alguns pacientes com hepatite B crônica e todos os pacientes com hepatite C crônica necessitam de tratamento com medicações antivirais”, esclarece Ednaldo. 

Confira abaixo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.


Fonte: Assessoria de Comunicação do CRFMT

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