Farmacêutica fala sobre o 'Dia Mundial da Alergia'

Alertar as pessoas sobre a importância do tratamento de alergias, visto que em certos caso as alergias podem levar à morte, é o principal objetivo desta quarta-feira (08.07), considerado o Dia Mundial da Alergia.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, 30% da população possui algum tipo de alergia. Contudo, no Brasil, não há estatísticas oficiais para alergia alimentar, mas, a prevalência parece se assemelhar à literatura internacional, que mostra cerca de 8% das crianças com até dois anos de idade e 2% dos adultos sofrendo algum tipo desta doença.

Mais de 170 alimentos são considerados potencialmente alergênicos, apesar de uma pequena parcela deles ser responsável por um maior número de reações: leite, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar.

Para falar sobre isso, a farmacêutica, Angela Beserra respondeu algumas perguntas feitas pelo CRF-MT.

Angela é farmacêutica e bioquímica com mestrado em Ciências da Saúde e doutorado em Biotecnologia. Atualmente é docente nas Faculdades de Farmácia, Medicina e Enfermagem pela FACIMED em Cacoal, Rondônia.

Qual a diferença entre alergia alimentar e intolerância alimentar?

Os dois termos fazem parte de uma outra classificação chamada de 'Reações Adversas aos Alimentos'. Porém, a alergia alimentar, ou hipersensibilidade ao alimento, se trata de uma resposta do sistema imunológico a uma determinada proteína contida no alimento. Já a intolerância alimentar é uma resposta exagerada do organismo causada pelo consumo de determinados alimentos, porém não há a participação do sistema imunológico nessa resposta.

Por exemplo, a intolerância à lactose é uma desordem metabólica na qual a ausência da enzima lactase no intestino determina uma incapacidade na digestão de lactose (açúcar do leite) que pode resultar em sintomas intestinais como vômitos e diarreia. Portanto, a intolerância à lactose não é uma alergia alimentar, apesar de frequentemente confundida.

Como as pessoas sabem que são alérgicas aos alimentos?

Por ser uma alergia alimentar e envolver o sistema imunológico, as pessoas podem apresentar vários sintomas. Por exemplo, quando você come algo que é alérgico, os sintomas vão desde coceiras, dermatites, urticárias e até sangramento intestinal. Esses sintomas são muito variados, a pessoa pode ter desde problemas gástricos, dermatológicos e até respiratórios.

Nos casos mais graves que são chamados de trancamento de glote (conhecido cientificamente como angioedema de laringe), é uma complicação que pode surgir durante uma reação alérgica no quadro anafilático que se caracteriza pelo inchaço na região da garganta. Esta situação é considerada uma emergência, pois o inchaço que afeta a garganta pode obstruir o fluxo de ar para os pulmões, impedindo a respiração e pode ser fatal. Tudo isso pode ser desencadeado mesmo que a pessoa tenha sido exposta a uma pequena quantidade dos alimentos que lhe dão alergia alimentar.

Qualquer alimento pode causar uma reação alérgica?

Qualquer alimento pode causar uma reação alérgica, isso vai depender da sensibilidade individual de cada pessoa. Então tem pessoas que tem alergia a alimentos comuns, simples do nosso dia a dia, como por exemplo, o arroz. Ele é um produto que pode causar alergia é raríssimo, mas, pode acontecer.

Os alimentos que mais causam alergia alimentar estão classificados como os top eight, eles são os principais alimentos responsáveis por 80 a 90% das reações alérgicas: 
Laticínios (leite de vaca e derivados do leite);
Ovos
Crustáceos (camarão)
Peixes
Nozes
Soja
Trigo
Amendoim

Esses são os alimentos com maior frequência que provocam reações graves (anafiláticas). Porém, em cada país tem um determinado alimento que causa alergia, como por exemplo, nos Estados Unidos, um dos principais alimentos é o amendoim. Já no Brasil as alergias são causadas pelos laticínios.

Quais são os sintomas da alergia alimentar?

Os sintomas vão depender do tipo de cada alergia alimentar. Aqui entramos na classificação da própria alergia e ainda existe uma subclassificação. Ela pode ser classificada de acordo com a mediação do sistema imunológico, se envolve anticorpos ou se envolve apenas componentes celulares (somente células imunológicas).

Então falamos de alergia alimentar mediada por IGE, ou seja por um anticorpo,. Existe alergia alimentar não mediada por IGE e existe a Mista, ou seja é uma mistura entre as duas.

Os sintomas pela alergia IGE, podem causar prurido na pele, coceira, urticária, os lábios incham, o paciente pode ter taquicardia, tontura, até mesmo desmaiar, se ele não for rapidamente socorrido e medicado.

As pessoas com alergias alimentares graves, precisam ter consigo anti‑histamínicos para usar imediatamente após o início de uma reação. Também devem levar consigo uma seringa autoinjetável de adrenalina, para utilizar no caso de reações graves. Isso é, se o paciente tem alergia alimentar mediada por IGE.

Quando o paciente não é mediado por IGE, temos um quadro que envolve mais o trato gastrointestinal, isso é mais leve. Pode ter reações como dermatites, cólicas intestinais, justamente por um distúrbio deste sistema imunológico no intestino, que acaba irritando a mucosa intestinal, que pode vir a causar uma Síndrome da Enterocolite (é uma hipersensibilidade gastrointestinal a alimentos, não mediada por IgE). Essa é a mais difícil de detectar.

Existe tratamento para alergia alimentar?

O tratamento existe e para evitar a alergia ou diminuir a gravidade dos sintomas, é recomendado excluir os alimentos que provocam alergia. Por exemplo, se tiver alergia ao glúten, o mais recomendado é não poder comer alimentos que contenham glúten na sua composição como pão, biscoitos, massas e cereais, ou por outro lado, se tiver alergia ao leite, não deve comer nada que contenha leite ou vestígios de leite, como iogurte, queijos, bolos e biscoitos, por exemplo.

Podemos lidar com medicamentos que possam tratar sintomas clínicos, mas, isso não cura a alergia. A cura da alergia se dá pela restrição ou exclusão do alimento, quando você deixa de ingerir. Quando você descobre a alergia alimentar você irá levar para o resto da vida. Como por exemplos, tem pacientes que são alérgicos aos crustáceos e amendoim, eles são obrigados a não ingerir esses alimentos, pois, caso isso ocorra, pode levar a morte. 

Além de todo esse conteúdo, a farmacêutica Angela Beserra também gravou uma palestra sobre esse tema. Os interessados podem acessar por meio do link: https://url.gratis/Z0bo2.

Fonte: Soraya Medeiros - Assessora de imprensa

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